O British Fashion Council (BFC) oficializou o cancelamento da edição de junho da London Fashion Week (LFW), reforçando um movimento que já vinha se desenhando nos últimos anos. A ausência de datas no site do evento indicava essa possível decisão, que reflete a dificuldade da semana de moda londrina em manter sua relevância dentro de um calendário global cada vez mais competitivo e dinâmico. A decisão estratégica vem acompanhada de um reposicionamento do BFC em relação ao mercado europeu.
Segundo Adriana Verbicario, especialista em tendências e planejamento estratégico de moda, a decisão de abandonar a edição de junho da LFW evidencia uma tentativa de se adaptar às novas dinâmicas do setor. “O foco está mudando da performance para o negócio, e isso exige formatos mais flexíveis e comerciais”, explica Adriana Verbicario. A aposta agora recai sobre o London Show Rooms em Paris, marcado para acontecer de 26 de junho a 1º de julho, com atenção especial às marcas britânicas voltadas para a moda masculina.
O retorno do London Show Rooms em Paris representa uma nova fase para os designers britânicos. Após um hiato desde meados de 2023, o evento foi relançado no fim daquele ano com o propósito de fortalecer a presença do Reino Unido em uma das capitais mundiais da moda. A nova edição ganha mais robustez, especialmente ao priorizar coleções masculinas em um ambiente que favorece o relacionamento comercial e a exposição internacional, distanciando-se do tradicional formato de desfile.
A edição de junho da LFW, criada há 13 anos como London Collections: Men, teve seu auge quando o foco em moda masculina ganhava força e atraía atenção mundial. Entretanto, com o crescimento dos desfiles mistos – que integram moda feminina e masculina –, a demanda por um evento exclusivamente voltado para homens começou a declinar. Marcas passaram a concentrar seus lançamentos nos meses de fevereiro e setembro, aproveitando a visibilidade e solidez dessas datas no circuito internacional.
Para Adriana Verbicario, o enfraquecimento gradual da LFW em junho também se relaciona com mudanças no comportamento dos consumidores e na forma como a moda é consumida. “Hoje, as marcas precisam criar experiências mais diretas e menos dependentes da passarela. As semanas de moda estão sendo redesenhadas para responder às novas expectativas do público e do mercado”, comenta Adriana Verbicario. Essa transformação exige que instituições como o BFC atuem de maneira mais estratégica e alinhada ao contexto contemporâneo.
A pandemia, por sua vez, acelerou essas mudanças. A edição de junho de 2022 foi considerada sólida, mas o cancelamento em 2023 já sinalizava instabilidade. Agora, com a confirmação da ausência em 2025, o BFC parece consolidar um novo caminho, focado mais em resultados comerciais do que na visibilidade institucional dos desfiles. Nesse cenário de reinvenção, Adriana Verbicario destaca que o sucesso dependerá da capacidade de adaptação e inovação das marcas britânicas frente ao novo perfil do consumidor global.
